segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Nada além do que se vê

Uma vez li no blog Página 29 o drama da autora Laura Assis com relação aos Los Hermanos. O que penso hoje vai ao encontro do que ela disse aquela vez. É um pouco de "Já deu né? Tá bom!".

Sexta, dia 16, aconteceu, na Fundição Progresso, o show de comemoração dos dez anos do álbum Ventura, aquele disco dos barbudos que, se tocar numa festa, nenhum fanzoca conversa e nem te deixa conversar, pois estará aos berros do início ao fim da música; cantando, inclusive, os solinhos de guitarra, os arranjos de metais, sabendo de coração todas as pausas, todos os gritinhos, todas as nuances de todas as músicas. Um horror! 

Os fãs deveriam ser proibidos de andar em bando. São todos uns chatos de galocha! E isso se estende por vários âmbitos artísticos. É algo patológico: loucas como Clarice Lispector, Fridas sofredoras, drogados como Jim Morrison, zumbis andantes da Ana Cristina César, Robert Plants, Kurts, Lenons, etc etc etc. É legal gostar do que esses artistas fazem, mas às vezes é fundamental abrir os olhos com os fãs. 


O show em questão foi uma bosta. Não foram os Los Hermanos por inteiro que tocaram. Dos originais, apenas o Barba e o Bruno Medina se apresentaram. Os outros componentes, que eu não tive o trabalho de saber quem eram, fizeram sua parte: gozaram com os paus de Camelo e Amarante. Tudo nos conformes. Nota por nota. O som não precisava ser bom (e não foi), pois o público se contentou em identificar a música e se jogar na catarse coletiva. Natural. Eu também cantei, mais ou menos desconfiado, baixinho, não querendo levantar muita bandeira. 

É que essa bandeira eu já deixei de levantar faz tempo. Houve uma época de descoberta (a felicidade dos que não sabem e descobrem) em que me admirava com as melodias, tocava os discos de cabo a rabo, tentava socar guela abaixo de quem se antipatizava com a banda, discutia, ponderava, argumentava, fazia levantamento das últimas bandas do rock nacional, comparava as composições, analisava letra-a-letra, ou seja, fazia parte desse grupo seleto de pessoas de gosto refinado e andava ignorando muita coisa que acontece/acontecia na música brasileira, ou simplesmente desconhecia. 

Não julgo os integrantes pela celebração. Acho que um disco como Ventura deve ser celebrado, assim como o Bloco do eu sozinho. Não acredito, também, que os músicos da banda tenham caído no ostracismo, hajam vistos os belos álbuns do Marcelo Camelo, os projetos do Amarante e, inclusive, de Barba e Medina. Sei, entretanto, que eles precisam ganhar dinheiro e isso não é nenhum pecado. Só gostaria de ver algo novo, de ver gente esperando coisas novas, pois esses revivais já não me comovem e essas reproduções fidedignas me cansam. Haja sono pra dar conta de tanto bocejo. 


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